Ícaro finalizou o último retoque com maestria no batom dela e ajeitou a gola.
— “Pronto. Escultura finalizada.” — disse, dando um passo pra trás como um artista admirando a própria obra.
Clara pegou a bolsa, mas ele segurou seu braço.
— “Espera… vou te buscar pra almoçar hoje.”
Ela ergueu a sobrancelha.
— “Vai me sequestrar do trabalho?”
— “Sequestro é pouco, gata. Preciso te contar umas coisas… e não dá pra ser por mensagem. É história pra ver a sua cara mudando.”
Clara inclinou a cabeça, desconfiada.
— “Isso é fofoca com plot twist?”
— “É revelação com direito a vinho. Então se prepara.”
Ela riu, deu um beijo rápido na bochecha dele e saiu.
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No hall do prédio da Agency49
Clara atravessou as portas de vidro como quem é paga pra deixar todos os pescoços virarem.
O conjunto de alfaiataria verde-bosque realçava cada curva com a precisão de quem sabe que um corte perfeito é quase uma arma.
A calça, de cintura alta e caimento reto, alongava as pernas como se a genética fosse patrocinada