Fui me movendo na cama, e ele se mexeu, o braço ainda ao meu redor, mas o corpo se ajustando ao meu.
— Bom dia — ele sussurrou, a voz rouca de sono. — Eu não fui a lugar nenhum, viu? — Ele sorriu, um sorriso que me fez sentir um calor no peito.
Aquele sorriso, aquele olhar, me desarmaram por um momento. Ele continuou, a voz mais suave.
— Helena, hoje eu vou para Portugal. Gostaria que me acompanhasse, se não for muito cansativo para você. Ficaria fora até sexta-feira, após o fim do campeonato de motocross em Águeda, voltando para o nosso casamento.
Motocross. O que mais ele gostava que eu não sabia? A vida dele, que parecia tão distante da minha, se revelava em pequenas doses. A ideia de ir para Portugal, de acompanhar ele em um campeonato de motocross, me parecia surreal.
— Eu não sei, Léo. Meu trabalho — falei, tentando me manter firme na realidade.
— Tenho certeza que a sua chefe vai te liberar para mim — ele falou, o sorriso de canto de rosto voltando. A sua certeza me irritou. El