capítulo 03

A claridade invadiu o quarto, e Helena despertou com o canto dos pássaros. Ao sentir o vazio ao seu lado, um calafrio percorreu sua espinha. Se sentou na cama, o lençol escorrendo pelo seu corpo, e viu um bilhete na mesinha de cabeceira. Em uma letra elegante, estava escrito: "Estavas a dormir tão profundamente que seria um pecado acordá-la. Você é incrível. Léo Montenegro." "Incrível?", pensou. O homem a abandonou sem ao menos um "bom dia". A decepção era palpável.

Droga!", ela exclamou, amassando o papel em sua mão. "Que tipo de homem faz isso?".

O luxo do quarto, antes tão impressionante, agora parecia uma gaiola dourada. Helena se sentiu uma idiota. Ela tinha acabado de sair de uma traição para se entregar a um estranho que a descartou com um bilhete. A raiva que sentia de si mesma era quase tão grande quanto a que sentia por ele.

"Ótimo! Isso é ótimo!", ela murmurou com raiva na voz, os dentes cerrados. "Ele nem teve o trabalho de me dar um 'bom dia'. Apenas um bilhete de adeus, como se eu fosse um prêmio de consolação".

A frustração tomou conta de Helena. Ela se levantou da cama, pegou sua roupa e começou a se vestir, os movimentos bruscos e nervosos. Aquele homem, com sua arrogância e charme, havia conseguido atingir a ferida mais profunda de seu coração, a de se sentir usada e insignificante. Mas, desta vez, ela não iria chorar.

Helena franziu a testa, a raiva crescendo dentro dela. "Que tipo de homem faz isso?", ela perguntou para o quarto vazio, a voz ecoando com frustração. O bilhete, com sua caligrafia perfeita e a mensagem condescendente, era um insulto. Ele a havia chamado de "incrível", mas a tratou como uma conveniência, uma distração para a noite.

Ainda furiosa, ela andou pelo quarto até que seus olhos pararam em uma mesa de cabeceira. Ali, havia uma surpresa que a fez parar em seu caminho. Ao lado da cama, havia uma mesa posta com um buquê de flores e um cartão. A fúria inicial deu lugar à confusão. Ela se aproximou hesitante, o cheiro das flores invadindo seus sentidos. O buquê era lindo, com uma variedade de flores coloridas. O cartão, amarrado com uma fita de cetim, tinha a mesma caligrafia elegante do bilhete.

"Para senhorita Alencar", ela leu, e um nó se formou em sua garganta. A raiva começou a diminuir, dando lugar a uma sensação de desorientação. Que tipo de homem a abandonava com um bilhete, mas a presenteava com flores e um café da manhã? O que ele queria com tudo aquilo? Helena se sentiu mais perdida do que nunca, e o luxo do quarto, antes tão opressor, agora parecia apenas parte de um jogo que ela não compreendia.

Sentindo-se completamente desnorteada, Helena percebeu que precisava sair dali o mais rápido possível. A mistura de raiva, confusão e uma pontada de desilusão era demais para suportar. Pegou o telefone e ligou para a recepção, a voz firme apesar da turbulência interna.

— Eu gostaria de pedir um táxi, por favor — disse ela.

A voz do outro lado soou educada e profissional.

— Sim, senhora. Já está a caminho.

Enquanto esperava, olhou para a mesa posta, o buquê de flores e o cartão. Ignorou-os. Aquele luxo, a vista, tudo que antes parecia um sonho, agora tinha o gosto amargo de um pesadelo. Apenas queria fugir, voltar para sua vida real, para longe do bilionário enigmático que a desestabilizara por completo. A porta do quarto se abriu, e o táxi a aguardava. Sem olhar para trás, ela saiu, deixando para trás as flores e a incerteza.

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