Capítulo. 38 – Quando chega o limite
Se houve um momento em que eu entendi exatamente quem era Enzo Bellini, foi naquela madrugada. Não foi nos golpes calculados, nas ordens em italiano, na rede invisível que se movia quando ele dizia “agora”. Foi no instante em que a localização do vídeo do Santino piscou no painel e ele acelerou sem olhar para trás.
A rota nos levou para fora da cidade, por uma estrada de terra. Luigi, em outro carro, mantinha o perímetro. Dois homens de Enzo vinham atrás, faróis apagados. Eu praticamente não respirava. O vídeo do meu filho preso na memória, como se minha cabeça tivesse virado uma tela que não desligava.
— Fica comigo, Luna — ele repetiu, uma vez, como se isso fosse suficiente para manter meus pés no chão.
Quando dobramos uma curva, surgiu uma casa de veraneio de muros altos e portão de ferro. Enzo cortou os faróis; paramos a uns cinquenta metros. Luiz enviou no grupo: câmera lateral confirmada, dois homens no pátio, um no corredor, luz acesa nos fundos. Enzo assentiu com a cabeça.
— V