Enzo dormiu no sofá da Camila, com Santino enroscado no peito dele como se sempre tivesse sido assim. Não foi nada planejado; aconteceu do jeito que as coisas verdadeiras acontecem: sem muita cerimônia. Eu fiquei sentada no chão, ao lado, observando os dois respirarem no mesmo ritmo. A mão grande de Enzo cobria todo o ombro do Santi. O carrinho de ferro, fiel, estava preso nos dedos do meu filho.
Eu gostaria de dizer que aquilo bastou para dissolver todos os meus medos e preocupações. Não bastou. O vídeo, o carro de fuga, os homens que atendem ao “capo”, tudo isso continuava rondando. Ao mesmo tempo, existia essa imagem, um homem que atravessou tudo e todos e trouxe nosso filho de volta. O tipo de escolha que me faz sem pensar.
Quando o dia clareou, Santino se mexeu, esfregou os olhos e procurou por mim com a mão. Eu me aproximei. Ele sorriu, ainda meio sonolento, e encostou a cabeça na barriga do Enzo, num gesto que me desmontou por dentro.
— Bom dia, campeão — Enzo disse, a voz baix