Esperei o máximo que pude antes de sair da sombra da árvore. Mas não adiantou. Quando me afastei para a rua paralela e entrei no carro, meu celular vibrou. Número desconhecido.
“Precisamos conversar. Agora.”
E claro que eu sabia de quem era.
O encontro aconteceu minutos depois, numa rua lateral vazia. O SUV de Enzo parou no acostamento. Parei o meu um pouco mais à frente, e eu não precisei de manual para entender que fugir não era opção.
Ele já estava fora do carro quando me aproximei.
— Entre. — Foi tudo o que disse.
Respondi com um olhar que queria significar “vai sonhando”, mas minhas pernas decidiram obedecer. Entrei. O carro tinha aquele cheiro que já era familiar: couro caro, madeira, e algo que só pode ser perfume de gente rica.
Ficamos em silêncio nos primeiros minutos. O carro seguiu, mas parecia que estávamos parados.
— Ele tem seus olhos. — A voz de Enzo era baixa, mas certeira. — E o mesmo jeito de levantar a cabeça quando sorri.
Meu estômago virou.
— Você está exagerando.