— Desculpa incomodar — disse, gentil. — A senhora é a mãe do garotinho do boné azul? Ele deixou cair isso. — E me entregou o carrinho de ferro.

— Obrigada — sorri, aliviada demais por um objeto tão simples.

Quando voltei os olhos para o escorregador, levei um susto bobo: não vi Santino. Em um segundo, meu corpo entrou em alarme. Eu dei dois passos, e então o vi, atrás de uma coluna lúdica, abaixado, amarrando o cadarço. Respira, Luna.

Dez minutos depois, recolhemos as compras e fomos embora. Carro, cinto, janela meio aberta, playlist que fingia normalidade. No retrovisor, eu conferia se não havia ninguém nos seguindo, e essa frase, só de existir, me cansou.

Deixamos Vanessa, seguimos para casa. Santino dormiu no banco de trás, a boca entreaberta, o carrinho no colo. Eu parei o carro na garagem, sentei dois minutos com as mãos no volante, e só então subi com ele no colo. Banho rápido, pijama, leite morno. Deitei ao lado até a respiração dele ficar pesada. O mundo inteiro se comprimiu n