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Capítulo 6 – A Porta Fechada

Após minha conversa com Isadora, algo dentro de mim mudou. Eu havia sido rejeitado mais uma vez. Minha própria irmã, aquela que poderia ser minha única ligação com o passado, me tratou como se eu fosse uma invenção, uma farsa. Mas, apesar de tudo, uma parte de mim não acreditava nas palavras dela. Algo dentro de mim me dizia que a verdade estava mais perto do que eu imaginava, e eu não podia parar agora. Não depois de tudo o que já tinha descoberto. Não depois de tudo o que ainda estava por vir.

Eu voltei ao asilo naquele dia, e Helena estava lá, como sempre, pronta para me apoiar. Ao me ver, ela não precisou perguntar. O olhar triste e cansado que eu tinha já dizia tudo. Eu sabia que o encontro com Isadora não havia dado certo, mas Helena não fez questão de pressionar. Ela apenas me envolveu em um abraço apertado, oferecendo o consolo silencioso que tanto precisava.

— Eu sabia que seria difícil, mas não podemos desistir. — Ela disse, com a voz suave, como se tentasse me acalmar com a simples certeza de que as respostas chegariam.

Eu me afastei um pouco, olhando para o vazio. Havia algo mais em todo esse enigma. Algo que eu ainda não conseguia entender. Por que Eduardo, meu pai, havia me deixado naquele orfanato? Por que nunca me procurou, se ele sabia da minha existência? Ele me amava? Ele se importava?

Eu voltei ao meu quarto no asilo, onde, ao abrir a gaveta, encontrei novamente os documentos que havia guardado com tanto cuidado. As fotos, os registros, o exame de DNA. Eles estavam ali, ao alcance das minhas mãos, prontos para provar o que eu já sabia, o que meu coração já sentia. Eu não estava mentindo. Eu não estava louco. Mas a cada dia, parecia que as peças do quebra-cabeça estavam ficando mais distantes.

Na manhã seguinte, fui até a biblioteca do asilo, procurando algo para desviar minha mente. Helena estava ocupada com as suas tarefas, e eu me senti um pouco solitário. Então, fui até uma prateleira empoeirada, onde encontrei livros antigos, alguns empoeirados, outros danificados pelo tempo. Meu olhar caiu sobre um livro de registros antigos do asilo, algo que eu nunca havia notado antes. Fui atraído por ele como uma mariposa pela luz, e, ao abrir a primeira página, encontrei algo que me fez parar.

Era uma anotação do diretor do orfanato, datada de muitos anos atrás. A escrita era ilegível, mas algumas palavras saltaram para mim: "Filho de Eduardo Camargo, mas a mãe não pôde ser localizada. O garoto foi deixado aqui como uma medida de segurança."

Meu coração disparou. Aquela frase, aquelas palavras, estavam gravadas em minha mente como uma sentença. O que significava "medida de segurança"? Por que minha mãe não havia sido localizada? O que havia acontecido com ela? Por que ela não havia me levado? E por que Eduardo permitiu que tudo isso acontecesse?

A cada pergunta, mais uma se formava em minha mente. Eu precisava de respostas. E essas respostas estavam além das palavras frias do papel. Eu tinha que descobrir mais. Eu precisava encontrar o elo que ligava tudo isso, e sabia que a chave estava nas mãos de quem me conhecia melhor: Clara.

Decidi que voltaria ao quarto dela. Não sabia se era uma boa ideia, mas meu instinto me dizia que algo em sua memória poderia me ajudar. Não seria fácil, mas eu estava disposto a enfrentar o que fosse necessário. O problema era que Clara estava sempre tão distante. Como conseguiria tocar na memória dela, no fundo do abismo onde ela se encontrava?

Na tarde seguinte, voltei ao asilo. O lugar parecia ainda mais sombrio, as sombras parecendo esconder segredos dos quais ninguém ousaria falar. Fui até o quarto de Clara, onde ela estava sentada à janela, olhando para fora. Seu rosto, cansado e envelhecido pela doença, parecia mais triste do que nunca. Quando entrei, ela não me viu imediatamente, mas assim que se virou para mim, seu olhar encontrou o meu com uma intensidade estranha.

— Você voltou. — Ela disse, com a voz baixa e fraca, como se estivesse falando para alguém de muito tempo atrás. E então, seus olhos brilharam com uma súbita clareza.

Eu me aproximei lentamente, meu coração batendo rápido.

— Mãe? — Perguntei, tentando entender o que estava acontecendo.

Clara estendeu a mão em minha direção, tremendo ligeiramente. Seus dedos gelados tocaram os meus, e foi como se uma faísca de reconhecimento passasse entre nós. Ela olhou para mim, mais uma vez, com os olhos cheios de algo que eu não podia identificar.

— Você... voltou para mim... — Ela sussurrou, com um sorriso fraco, mas verdadeiro.

Eu senti uma onda de emoção me invadir. Pela primeira vez, Clara parecia realmente ver-me. Mas o que ela estava tentando dizer? O que significava aquele sorriso? O que ela sabia que eu ainda não sabia? A verdade, sem dúvida, estava mais perto do que eu imaginava. Mas, antes que eu pudesse perguntar mais, a porta do quarto se abriu de repente, interrompendo nosso momento.

Era a enfermeira que cuidava de Clara. Ela olhou para nós com um olhar nervoso.

— Senhor, preciso pedir que se retire. Clara precisa descansar.

Fiquei ali, parado, tentando processar tudo o que havia acabado de acontecer. O que quer que Clara estivesse tentando me dizer, parecia que a verdade estava prestes a se revelar de maneira ainda mais perturbadora.

A enfermeira me puxou para fora do quarto, e eu, agora, com mais dúvidas do que antes, me vi na encruzilhada de algo maior. Algo estava se preparando para acontecer.

O que Clara sabia? O que ela estava tentando me contar? E como minha mãe, que parecia ter me reconhecido, se encaixava nessa história? O suspense se intensifica enquanto Gabriel está cada vez mais próximo da verdade. A próxima revelação está ao alcance das mãos.

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