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Capítulo 7 – O Nome Dela Era Clara

O dia seguinte foi de silêncio. Um silêncio pesado que pairava no ar, como se o asilo, a cidade e o mundo inteiro estivessem aguardando algo. Após a estranha interação com Clara, eu não conseguia parar de pensar nas palavras dela. "Você... voltou para mim..." Havia algo profundamente familiar e ao mesmo tempo inquietante nessa frase. Clara não era apenas a mulher que cuidava de uma vida perdida; ela parecia carregar dentro de si uma chave para tudo o que eu precisava entender sobre mim, sobre minha história, sobre minha mãe e, especialmente, sobre meu pai, Eduardo Camargo.

O amanhecer trouxe uma sensação de urgência, como se o tempo estivesse se comprimindo, apertando cada vez mais meu peito. Eu sabia que algo estava prestes a acontecer. Uma revelação, uma descoberta, uma virada de jogo. A pergunta que me martelava a mente era: por que Clara, que havia estado tão distante e distante de mim, parecia finalmente me reconhecer?

No entanto, não tinha tempo para me perder em dúvidas. O advogado, ao qual havia confiado os registros e documentos, me chamou para uma reunião importante naquela manhã. Como sempre, a expectativa de algo relevante pairava sobre as palavras dele. Ele havia conseguido algum progresso? Havia encontrado alguma pista que nos levasse à verdade?

Cheguei ao escritório com o coração acelerado. Seu olhar era grave, e ao me ver entrar, ele se levantou da cadeira, fechando a porta atrás de mim. Algo me dizia que ele não queria ninguém ouvindo, e ao olhar para o rosto dele, percebi que não estava ali apenas para compartilhar boas notícias.

— Gabriel, temos algo importante para discutir. — Sua voz era baixa, como se temesse que alguém pudesse ouvir.

Sentei-me, com o estômago revirando de ansiedade. Ele puxou uma pasta de papéis e me entregou um documento.

— Esse é um exame de DNA que você fez quando criança. — Ele começou, sua voz mais firme agora. — E esse é o resultado do exame mais recente, comparando seu DNA com o de Eduardo Camargo.

Eu olhei para os papéis, o coração batendo cada vez mais rápido, e então ele me disse, com uma calma que não refletia o impacto das palavras:

— Você é, sem dúvida alguma, filho de Eduardo Camargo.

Aquelas palavras, que por tanto tempo foram uma esperança distante, agora estavam ali, jogadas na minha frente como uma verdade indiscutível. Eduardo Camargo era meu pai. Ele realmente existia, ele realmente me deixou, mas a pergunta ainda permanecia: por que ele não me procurou? Por que ele me deixou naquele orfanato? Por que ele nunca tentou me encontrar?

Antes que eu pudesse falar, o advogado continuou:

— Temos provas agora. A herança que você procura, os bens, as empresas... tudo o que ele deixou, tudo o que você tem direito, está registrado. Mas há mais.

Eu olhei para ele, os olhos fixos nas palavras, tentando processar a enormidade do que estava sendo revelado.

— O que mais? — Perguntei, a voz falhando um pouco.

Ele olhou para mim, hesitando por um momento antes de continuar.

— Existe uma cláusula em um dos testamentos que menciona um “segredo” relacionado ao seu nascimento. Algo que ele deixou guardado, algo que ninguém mais sabe, algo que ele não queria que fosse revelado enquanto ele estivesse vivo. Isso, Gabriel, pode mudar tudo.

Eu me recostei na cadeira, atônito. A revelação de que havia um segredo, algo que ele não queria que fosse descoberto, me deixou ainda mais intrigado. O que poderia ser tão importante? O que ele escondia? A verdade, eu sentia, estava ainda mais distante do que eu imaginava. Mas uma coisa era certa: eu estava mais perto de encontrá-la do que nunca.

A reunião foi rápida, mas intensa. Eu saí do escritório com mais perguntas do que respostas, e uma sensação crescente de que não poderia parar agora. O segredo que Eduardo deixara para trás era algo que eu precisava descobrir, e eu sabia que ele estava relacionado a Clara. Não podia ser coincidência. Havia algo nela, algo que eu ainda não entendia, que estava diretamente ligado a tudo o que eu estava buscando.

De volta ao asilo, a tarde parecia não terminar. As horas se arrastavam enquanto minha mente trabalhava, cada vez mais focada na figura de Clara. Eu precisava voltar lá, precisava ver se ela poderia me ajudar a entender o que estava acontecendo. O problema era que Clara não estava tão lúcida quanto da última vez que a vi. Seu olhar estava mais vazio, e a lembrança de nossa conversa parecia ter sido apagada por uma névoa invisível.

Entrei no quarto dela com um nó na garganta, sentindo o peso da decisão que tomara. Se ela tivesse alguma chave, alguma resposta, eu precisava que ela me ajudasse a encontrar. Clara olhou para mim, como sempre, com um sorriso fraco e perdido, mas algo em sua expressão me dizia que ela sabia mais do que estava mostrando.

— Mãe... — Eu disse suavemente, me aproximando dela. — Você se lembra de mim?

Ela olhou para mim, e por um momento, parecia que seus olhos brilharam com algo familiar. Ela estendeu a mão, mas dessa vez parecia hesitante, como se algo estivesse bloqueando sua memória. No entanto, antes que ela pudesse falar, ouvi um ruído vindo da porta. A enfermeira, novamente.

— Senhor, a senhora Clara precisa descansar. Por favor, deixe-a. — Ela disse, com uma firmeza que eu não podia ignorar.

Eu respirei fundo, sabendo que a chave para a resposta não estava ali, naquela hora. Clara estava me dizendo algo, mas o que ela sabia ainda estava escondido. E quanto mais eu tentava entender, mais o mistério se aprofundava.

Eu olhei para Clara uma última vez antes de sair, e no fundo de seu olhar, senti uma certeza. Eu estava chegando perto de algo, e o segredo que Eduardo Camargo havia deixado para trás estava prestes a ser revelado.

Mas a verdade que eu buscava, com tanto empenho, talvez fosse mais perigosa do que eu imaginava. Algo me dizia que essa descoberta poderia mudar tudo.

O que Clara sabia? O segredo que Eduardo deixou para trás, o que ele poderia esconder? A resposta estava mais próxima do que eu imaginava, mas também era mais arriscada. A cada passo, Gabriel se aproxima de uma verdade que pode alterar tudo.

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