O barulho do martelo ecoava de forma irregular, como se a própria obra tivesse um ritmo próprio, feito de pausas, toques firmes e respirações profundas. Madeleine entrou no terreno usando um dos coletes de segurança que ficavam pendurados na entrada do canteiro. O vento estava mais ameno, mas ainda carregava aquele cheiro salgado que vinha do fiorde.
Lá dentro, a parte interna do hotel já começava a ganhar contornos de verdade. As paredes recém-colocadas ainda tinham o tom cru da madeira, mas a luz que entrava pelas grandes janelas criava faixas douradas pelo chão. Madeleine passou a mão devagar sobre uma delas, sentindo a aspereza que ainda aguardava o acabamento.
Clara se aproximou com um capacete mal ajustado, sorrindo.
— Está começando a parecer um lugar onde as pessoas vão querer ficar — disse, olhando para o corredor que se abria à frente.
Madeleine concordou com um aceno.
— Mais que isso… parece que vai ter histórias para guardar.
Foram caminhando juntas, imaginando os espaços.