A manhã chegou sem pressa, filtrando-se pelas frestas da cortina como se Tromsø tivesse decidido dar-lhe alguns minutos a mais antes de começar. Madeleine ainda estava de robe, preparando café, quando ouviu o som discreto de passos na neve. Não esperava ninguém. Abriu a porta e encontrou um envelope cuidadosamente colocado sobre o degrau, o nome dela escrito à mão, com aquela caligrafia formal que só advogados e pessoas muito antigas ainda usavam.
Ela não precisou abrir para saber do que se tratava.
A ponta dos dedos ficou fria, mesmo protegida pelo tecido do robe. Fechou a porta devagar, como se qualquer movimento brusco pudesse alterar o conteúdo. Sentou-se à mesa, o envelope ainda fechado, e ficou ali por alguns segundos, apenas observando.
Respirou fundo, passou a unha pelo lacre e deslizou o papel para fora. O cheiro levemente químico da impressão era novo, mas as palavras carregavam um peso que ela conhecia bem.
"Prezada Sra. Foster,
Conforme conversas anteriores, estamos autori