"Dizem que quando a esperança morre, o céu se fecha e a terra se cala. Ninguém sabe de onde veio o BREU, apenas que chegou com um sussurro e levou a luz embora. Mas antes da última estrela cair, duas almas se encontraram. Uma cuspia fogo do coração. A outra conjurava magia da dor. Juntos, seriam a última chama antes do fim."
Leer másGuiados por Eldrin, Kaori e Noah adentraram uma floresta ainda mais antiga, onde o tempo parecia dobrar-se sobre si mesmo.À medida que avançavam, árvores gigantescas erguiam-se ao redor, cobertas por musgos luminescentes e símbolos antigos gravados na casca.No coração da floresta, encontraram um templo esquecido, suas paredes desgastadas pelo tempo, mas ainda pulsando com uma energia ancestral.Dentro do templo, paredes narravam histórias em relevo — batalhas entre luz e sombra, dragões protetores, feiticeiros ancestrais e a origem do BREU.Noah tocou um símbolo brilhante, e visões inundaram sua mente: seu clã ancestral, guardiões do equilíbrio, haviam sido traídos por alguém sedento por poder — dando origem à maldição que agora enfrentavam.Kaori sentiu a chama do dragão despertar, respondendo às vozes do templo.Eldrin explicou:— Para vencer o BREU definitivamente, é preciso reconciliar o passado, aceitar suas raízes — mesmo as dolorosas — e fortalecer a aliança entre magia e fog
A cidade estava livre do BREU, mas não intacta.Haviam prédios desabados, praças despedaçadas, e famílias tentando reencontrar seus caminhos. O silêncio agora era outro — não de medo, mas de reconstrução.Kaori, ainda sentindo o calor do dragão em sua alma, voava pelos céus apagando focos de treva que resistiam nas bordas da floresta. Noah, com o livro reconstituído pela magia da lágrima, ajudava a reverter encantamentos lançados nos tempos sombrios.Eles não eram mais apenas crianças. Tinham se tornado sementes de algo novo.E onde antes havia cinzas, começaram a brotar flores de esperança — literalmente. No coração da cidade, nasceram plantas douradas, alimentadas pela luz que Kaori e Noah deixavam por onde passavam.Mas algo os inquietava.Nos sonhos, Kaori via o BREU murmurando nas sombras. E Noah, ao tocar algumas páginas do livro, via palavras riscadas por uma tinta escura... como se algo antigo ainda tentasse se comunicar.Na floresta, um ser os observava. Um velho druida de ol
A escadaria parecia não ter fim, mas cada degrau percorrido por Kaori e Noah trazia consigo o peso das memórias libertas, dos heróis esquecidos, dos gritos silenciados.No topo, havia apenas uma porta. Simples, sem adornos. Feita de madeira antiga — e pulsando como se tivesse um coração. O coração do BREU.Eles trocaram um olhar. Não havia mais retorno.Quando atravessaram a porta, o mundo deixou de ter chão.Era como cair no centro de tudo.O céu era um redemoinho negro. No horizonte, almas giravam como estrelas mortas. No centro do abismo, suspensa no nada, flutuava uma criatura colossal — feita de sombras líquidas, olhos vazios e bocas que sussurravam segredos de dor.Era o BREU, em sua forma pura.Ele os viu. E sorriu.— Vocês são os últimos. Os teimosos. Os quebrados. Vieram me enfrentar... com o que? Esperança?Kaori deixou o dragão se libertar. Suas asas flamejaram, seu corpo se fundiu com o fogo. Ela rugiu, e o som fez o céu estremecer.Noah abriu o livro — todas as páginas vo
O selo deixado por Lyra pulsava como um coração enterrado no chão. Dele, um feixe de luz subiu ao céu escuro, rasgando a neblina por um instante. Era o caminho — mas também um aviso.A estrada para a origem do BREU estava aberta.Kaori ainda sentia a dor da perda. A flor de fogo que brotara de sua lágrima permanecia acesa, resistindo ao vento e à escuridão. Ela a segurou nas mãos.— A Lyra acreditou até o fim... agora é nossa vez.Noah, mais calado do que nunca, passou a noite estudando o símbolo que surgira. As runas falavam de um lugar fora do tempo, onde tudo começou: a Fortaleza do Fim, erguida sobre as ruínas da primeira esperança roubada.— Dizem que quem entra lá volta diferente... ou não volta — murmurou ele.Mesmo assim, não hesitaram.Ao atravessarem o selo, o mundo se curvou.Tudo ficou cinza. O céu não tinha fim, mas também não tinha cor. O chão era feito de memórias esquecidas — brinquedos quebrados, retratos sem rosto, cartas jamais entregues. O BREU havia construído sua
Ao voltarem para Valemar, algo estava diferente. A cidade parecia... parada. As pessoas andavam lentamente, sem olhar para o céu, sem falar entre si. Era como se a esperança tivesse sido drenada gota a gota — e ninguém tivesse notado.Noah sentiu uma pressão no peito ao cruzar a praça principal. Estava suando frio, e as letras do livro pulsavam sozinhas.— Ele está aqui — sussurrou.Kaori olhou ao redor. Sentia seu corpo esquentar. O calor vinha do peito e se espalhava pelos braços e costas, como lava prestes a romper a pele. Ela caiu de joelhos, arfando.— Kaori! — Noah correu até ela.As costas da garota se arquearam, e duas asas flamejantes brotaram de suas costas como se rasgassem a realidade. O fogo não queimava o chão — mas flutuava no ar como dança viva. Os olhos dela brilharam em dourado, e uma voz gutural ecoou de dentro:— A alma do dragão acordou...Mas junto ao despertar veio a dor. A transformação não era completa. Havia correntes invisíveis em torno do coração de Kaori —
A floresta do esquecimento tinha um nome que ninguém mais lembrava.Kaori e Noah seguiram trilhas que mudavam de lugar. Árvores com troncos retorcidos murmuravam palavras de antigas canções — mas suas vozes eram baixas, como sussurros de quem teme ser ouvido.O livro só dava uma pista:> "Procurem a árvore que chora espelhos. Lá, a guardiã ainda resiste."— Isso não faz sentido — murmurou Noah, enquanto um galho se transformava em serpente e voltava a ser madeira num piscar de olhos.— Nada aqui faz — respondeu Kaori, segurando o medalhão da mãe no pescoço como um talismã contra a loucura. O ar era denso. A cada passo, ela esquecia por que estavam ali. Noah teve que lembrá-la duas vezes.Eles começaram a perder as palavras. Os nomes. Até que...Uma canção ecoou.Do meio da floresta, uma melodia assobiada cortou o ar como raio de sol. Era familiar, reconfortante, e os fez lembrar. Lembrar de tudo.Seguiram o som até uma clareira onde havia uma árvore branca como os ossos da lua. E em s
Último capítulo