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Capítulo 7 - O Coração do BREU, Depois da Escuridão

A escadaria parecia não ter fim, mas cada degrau percorrido por Kaori e Noah trazia consigo o peso das memórias libertas, dos heróis esquecidos, dos gritos silenciados.

No topo, havia apenas uma porta. Simples, sem adornos. Feita de madeira antiga — e pulsando como se tivesse um coração. O coração do BREU.

Eles trocaram um olhar. Não havia mais retorno.

Quando atravessaram a porta, o mundo deixou de ter chão.

Era como cair no centro de tudo.

O céu era um redemoinho negro. No horizonte, almas giravam como estrelas mortas. No centro do abismo, suspensa no nada, flutuava uma criatura colossal — feita de sombras líquidas, olhos vazios e bocas que sussurravam segredos de dor.

Era o BREU, em sua forma pura.

Ele os viu. E sorriu.

— Vocês são os últimos. Os teimosos. Os quebrados. Vieram me enfrentar... com o que? Esperança?

Kaori deixou o dragão se libertar. Suas asas flamejaram, seu corpo se fundiu com o fogo. Ela rugiu, e o som fez o céu estremecer.

Noah abriu o livro — todas as páginas voaram ao redor como folhas douradas, formando um círculo mágico ao seu redor.

— Viemos com tudo o que ainda arde dentro de nós. E isso é mais do que você jamais terá.

A batalha começou.

O BREU atacava com ilusões. Mostrou Kaori sendo rejeitada pelos pais, sendo caçada como monstro. Mostrou Noah sozinho em um mundo sem magia, condenado a esquecer quem era.

Eles resistiram. Mas a luta cobrava caro.

O tempo parava e corria. Cada golpe contra o BREU desfazia parte da fortaleza. Cada defesa exigia um pedaço da alma.

Até que aconteceu.

Noah foi atingido.

Um espinho de trevas perfurou seu peito. O livro caiu. As páginas se tornaram cinzas.

Kaori gritou.

O BREU gargalhou.

— E assim caem todos os tolos.

Ela caiu de joelhos ao lado do amigo. Seu corpo tremia, mas não de medo — de perda.

Noah, ofegante, sorriu com dificuldade.

— Ei... Kaori... você ainda... tem esperança?

Ela chorou.

Uma lágrima escorreu de seus olhos flamejantes e caiu sobre o peito de Noah.

> E o impossível aconteceu.

A lágrima brilhou. Dourada. Quente. Viva.

O espinho derreteu. O peito de Noah brilhou. Seu coração, por um instante, foi dois: o dele... e o dela.

Kaori rugiu, e com um golpe feito de todas as chamas que lhe restavam, perfurou o peito do BREU.

A criatura gritou. E começou a apagar.

Noah respirou. Fraco, mas vivo.

O BREU se dissolvia em poeira escura.

— Como...? — sussurrou ele. — Como uma lágrima... pôde me vencer?

Kaori se ergueu, olhos brilhando.

— Porque não era uma lágrima qualquer... era a memória de tudo o que ainda pode ser.

O BREU se desfez em silêncio.

Não houve explosão, nem luz ofuscante. Apenas o fim... como se o universo finalmente pudesse respirar.

Kaori caiu de joelhos. O dragão dentro dela recuou. Não por fraqueza, mas por paz. Pela primeira vez, não havia mais nada para queimar.

Noah ainda respirava com dificuldade, mas a luz da lágrima em seu peito pulsava como uma segunda vida. Ele abriu os olhos e encontrou o rosto de Kaori banhado em cinzas e lágrimas.

— Eu... voltei? — murmurou.

Ela sorriu, frágil e forte ao mesmo tempo.

— Voltou. E nunca mais vai embora.

A fortaleza desabava ao redor deles, mas não com fúria — com libertação. As paredes de espelhos rachavam, e das rachaduras saíam memórias libertas. Crianças voltavam a sorrir. Sonhos esquecidos voltavam a florescer.

O mundo estava mudando.

Eles correram. Subiram nas costas de uma fênix feita de chamas, invocada pelas últimas palavras do livro de Noah. A criatura os carregou para longe enquanto a Fortaleza do Fim se desfazia no vento.

Ao atravessarem o céu, Kaori olhou para baixo.

> O BREU estava sumindo de todos os lugares — não apenas da fortaleza, mas da cidade, das pessoas, dos corações.

No chão, os lobisomens, as fadas corrompidas, as criaturas mágicas libertas olhavam para o céu como se acordassem de um longo pesadelo.

Na praça central da cidade, a chama dourada se reacendeu — era a esperança renascida, marcada agora por um novo símbolo: dois círculos entrelaçados. O dragão e o mago. A chama e a palavra.

Eles pousaram ao amanhecer.

Lyra, em forma de estrela cadente, brilhou uma última vez no céu antes de desaparecer, deixando no ar apenas um sussurro:

— Eles conseguiram.

Kaori e Noah caminharam juntos entre os escombros da velha praça. As pessoas saíam de suas casas, confusas, despertas, com olhos cheios de lágrimas — não de tristeza, mas de alívio.

E então, todos ouviram.

Uma criança sorriu e gritou:

— O BREU acabou!

A cidade celebrou.

Mas Kaori sabia: o mal não desaparece para sempre. Ele apenas adormece. O importante agora... era manter a chama acesa.

Ela segurou a mão de Noah. Ambos olhavam para o horizonte.

— O mundo precisa de guardiões — disse ela.

— Então vamos ser isso — respondeu ele.

> Não heróis. Não lendas.

> Apenas aqueles que, um dia, decidiram não desistir.

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