Rogério
Eu devia estar em paz.
Devia estar sentado ao lado da minha esposa, admirando os nossos filhos recém-nascidos dormindo no bercinho transparente, sentindo aquele amor que sempre dizem que muda a vida de um homem.
Mas eu estava inquieto.
Com o coração preso na garganta.
Com as mãos trêmulas.
Antony estava no centro cirúrgico.
E cada minuto que passava parecia uma eternidade.
Minha esposa percebeu que eu não conseguia nem ficar sentado. Ela apertou minha mão.
— “Amor… ele vai ficar bem.”
Eu queria acreditar. Deus sabe que eu queria.
Mas o sangue dele na minha roupa…
O olhar que ele me deu antes de apagar…
O pedido fraco “cuida deles por mim…”
tudo isso continuava girando na minha cabeça.
Me ajoelhei ao lado da cama, encostei a testa no colchão e comecei a orar em silêncio.
Era tudo que eu podia fazer.
Minha esposa colocou a mão sobre a minha nuca, dando apoio.
E ali ficamos, nós dois, pedindo pela vida dele, enquanto nossos filhos respiravam tranquilos, sem ideia do que estava