Rogério
O tempo parecia não andar. Três anos de viuvez não tinham sido tão longos quanto aqueles três dias esperando o encontro com a “Menina de Cristal”. Clarice ainda estava em cada canto da minha vida. Seu cheiro, seu sorriso, seu toque. E agora, eu tinha ganhado uma noite com uma virgem de 19 anos.
Um absurdo.
Eu liguei para Antony no segundo dia, só para desabafar.
— Eu vou lá, entrego o dinheiro do prêmio e vou embora. falei, tentando me convencer enquanto olhava pela janela do consultório. — Isso é loucura, Antony.
A risada dele veio do outro lado da linha, despreocupada:
— Você não entendeu nada, Rogério. Eu não paguei pra você ir lá entregar um cheque. Eu paguei pra você se permitir sentir uma mulher de novo, depois de três anos se punindo.
— Antony… eu amava a Clarice. minha voz saiu baixa, pesada. — O que eu vou fazer com essa moça é errado.
Ele suspirou, mas manteve o tom firme:
— Sei que você amava Clarice, amigo. Mas já passou. Você ainda é um homem vivo, não um fantas