Estela
Hoje, a casa estava em silêncio diferente. Um silêncio ansioso.
Olhei meu reflexo no espelho do closet. Uniforme branco. Jaleco passado com capricho. Crachá com aquele sorriso cansado da foto tirada dias depois da chegada de Nova York.
"Estela de Albuquerque Enfermagem Clínica Geral."
Senti o peso da responsabilidade nos ombros… mas também o frio bom da realização.
Meu coração disparava. Lá fora, eu era só mais uma enfermeira começando. Aqui dentro, eu era uma mãe voltando a ser profissional. E isso me deixava com vontade de chorar e gritar “eu consigo” ao mesmo tempo.
— Tô nervosa falei, ajeitando o jaleco mais uma vez, como se ele estivesse torto (não estava).
Guilherme apareceu na porta do closet com Luiza no colo. Nossa filha estava com sete meses, e cada dia parecia mais esperta, mais ativa, mais… nossa.
— Os melhores sempre começam assim ele disse, com aquele sorriso sereno que sempre me traz de volta pro chão.
Me virei pra ele. Luiza gargalhou com algo que só ela viu,