Guilherme
Entrei com ela no quarto e vi os olhos de Estela passearem pelo ambiente luxuoso, mas sua expressão ainda estava distante. Ela parecia estar lutando contra os próprios pensamentos. Os traumas.
Fechei a porta e me aproximei sem dizer nada. Apenas a abracei. Forte. Sentindo seu corpo pequeno colar no meu. O cheiro dela. A pele ainda trêmula. O coração disparado.
Ela demorou só um instante, e então se desfez. Chorou contra o meu peito como se aquilo fosse tudo o que restava. O som do choro dela me atravessava. Cada soluço era um corte no meu peito.
— Tá tudo bem agora, bonequinha… tá tudo bem, meu amor, murmurei, passando os dedos nos cabelos dela. — Você tá segura… comigo.
Ficamos ali por longos minutos. Ela se acalmou. Respirou fundo. Me olhou com aqueles olhos vermelhos, mas cheios de amor.
Toquei os lábios dela. Depois a puxei pela mão.
— Vem. Deixa eu cuidar de você agora.
Guiei Estela até a varanda, onde a água da banheira borbulhava lentamente sob a luz baixa azulada. O