Estela
Três dias.
Noventa e seis horas no escuro.
Fria, amarrada, machucada.
Mas nada doía tanto quanto o silêncio da minha barriga.
Luiza não se mexia.
Ela sempre se mexia… depois do almoço, ao ouvir a voz do Gui, ou quando eu cantava baixinho pra ela dormir. Mas agora…
Agora o medo tinha forma. Peso. Gosto.
— Filha… sussurrei com os olhos marejados, a garganta seca. — Eu tô aqui, meu amor. A mamãe tá aqui… o papai já tá vindo buscar a gente. É só mais um pouquinho, meu anjo. Fica firme, tá? Por favor…
Tentei acariciar a barriga, mas os pulsos estavam doloridos, presos por dias. Ainda assim, inclinei o rosto e murmurei com carinho.
— Não me deixa… você é tudo que eu tenho. A gente ainda vai rir disso tudo, sabia? Você vai conhecer a vovó, o vovô… e o seu pai… ele vai ser o melhor pai do mundo.
Uma lágrima escorreu até meu queixo.
Mas Luiza não respondeu.
Nenhum chute. Nenhum sinal.
Só um silêncio ensurdecedor.
Do lado de fora da sala, as vozes aumentavam.
Jordan e Grace discutiam de