Joshua havia adormecido nos braços da avó, seu corpinho pequeno aconchegado a ela, a respiração suave e ritmada denunciando o sono profundo. Katerina acariciava os cabelos dourados do neto, o coração transbordando de amor e ao mesmo tempo de uma dor silenciosa. Ele era tão frágil, tão inocente… não merecia passar por tudo isso.
A porta do quarto foi aberta com suavidade e Ethan entrou carregando uma bandeja. O cheiro de chá quente e pão recém-tostado inundou o ambiente.
— Trouxe um lanche para você — disse baixinho, com um sorriso cúmplice, aproximando-se da esposa.
Katerina sorriu, seus olhos agradecendo antes mesmo de suas palavras.
O restaurante estava elegantemente iluminado, com um aroma suave de especiarias no ar e um burburinho discreto das conversas ao redor. Samantha sentou-se à mesa de frente para Jacob, um sorriso satisfeito nos lábios, enquanto alisava o tecido do vestido vermelho que escolheu exclusivamente para ele. Ela se produziu como nos velhos tempos, com maquiagem impecável, joias delicadas e um perfume envolvente. Queria agradá-lo, reacendendo a chama que acreditava existir dentro dele. Não entregaria seu marido de bandeja para outra mulher. Lutaria até seu último suspiro.Diferente do que ela acreditava, Jacob não via nada disso. Apesar do seu olhar estar fixo nela, não era um olhar de desejo… era de frieza. Ele a analisava com clareza, tudo agora fazia sentido. A frieza dela com o filho, a maneira dela nunca demonstrar um amor genuíno pelo próprio filho… Era porque Joshua não era seu filho!Se isso fosse verdade…Será que Samantha o criou sem um laço verdadeiro, sem aquela conexão maternal i
Jacob Alexander LancasterSaio do restaurante sentindo um peso no peito, algo entre cansaço e frustração. O ar da noite é frio, mas não o suficiente para apagar a sensação amarga que a conversa com Samantha deixou em mim. Eu deveria ter esperado por isso.Eu rio de mim mesmo, um som curto e seco, enquanto balançava a cabeça. Por que diabos eu achei que ela se importaria? Samantha nunca foi a mãe que Joshua precisava. Por que se importaria agora?Paro na calçada olhando o movimento da rua e puxo a manga do casaco para checar o relógio. Meu filho está seguro com meus pais esta noite. Pelo menos, eu não preciso me preocupar. Respiro fundo e caminho até meu carro. O plano era ir direto para meu apart hotel, abrir uma garrafa de uísque e tentar digerir tudo isso, mas quando ligo o motor, algo muda dentro de mim.Eu preciso falar com Mia, conversar com alguém sobre o que descobri ou vou enlouquecer. Minha irmã é meu porto seguro, a única pessoa que nunca me julgou, sempre tentou me entender
O silêncio pairou na sala. Denso, sufocante, como se o próprio ar ao nosso redor tivesse se tornado pesado demais para ser respirado. Meu peito sobe e desce em um ritmo descompassado e a única coisa que consigo ouvir, além do som da minha própria respiração acelerada, é a batida irregular do meu coração.— O quê? — sua voz saiu rouca, como um sussurro perdido na tempestade dentro da minha cabeça.Mia me encara, com seus azuis olhos marejados, cobertos de um misto de dor e certeza que me assustou.— Jacob… — O médico de Joshua fez os exames de compatibilidade.Ela engole em seco, hesitando por um breve segundo, mas quando fala novamente, sua voz é firme.— Jacob, a Valentina é sua filha. Tenho certeza disso.Olhei incrédulo para Mia. O que ela falou? Que loucura era aquela?O chão parece ceder sob meus pés. O mundo ao meu redor desaparece.As palavras ecoam em minha mente, mas eu me recuso a aceitá-las. Não pode ser. Não pode.— Não… — murmuro, recuando um passo. — De onde tirou iss
Jacob Alexander LancasterA noite parecia se arrastar, longa e interminável. Deitado na cama de Mia, com minha irmã nos braços, ainda não consegui dormir. Minha mente não parava. Meus pensamentos corriam como um turbilhão, rodando sem descanso dentro do meu peito.“Valentina é minha filha…”“Minha filha com Luna.”“Luna…”Meu peito se enche de algo novo que eu não sentia há muito tempo. Não era apenas choque ou incredulidade. Era alegria: Pura, intensa e arrebatadora.“Meus filhos…”
O caminho até a casa dos pais de Jacob parecia mais longo do que realmente era. Luna dirigia em silêncio, suas mãos apertando levemente o volante, enquanto Valentina, no banco de trás, cantarolava uma melodia suave. A inocência da filha contrastava com a tempestade que desenrolava dentro dela.Seu coração pulsava acelerado, enquanto sua mente vagava por cenários diferentes.“Como Jacob reagiria quando soubesse da verdade?”“Ele ficaria furioso?”“Magoado?”“Aliviado?”As perguntas rodopiavam em sua men
Jacob saiu do restaurante sentindo o peso esmagador da verdade reverberando dentro dele. Não era mais o mesmo. Cada detalhe revelado mudava tudo que ele pensava sobre sua própria vida, sobre seu passado, sobre as escolhas que fizeram por ele sem que tivesse qualquer chance de lutar.A troca dos bebês.O filho que morreu sem que ele soubesse de sua existência.Os anos que perdeu sem conhecer Valentina, sem saber que ela era sua filha.A sensação de Jacob era que seu mundo tinha sido arrancado das mãos e reconstruído diante de seus olhos, sem que ele tivesse qualquer controle sobre isso. Mas agora ele sabia e estava determinado a recuperar tudo que lhe pertencia.Anthony e Liam ficaram atônitos ao ouvir a história. No início, parecia loucura cada palavra que saía da boca de Jacob, mas as explicações, os detalhes os deixaram ainda mais incrédulos, revoltados.— Isso é inacreditável — Liam balançou a cabeça, passando a mão pelo rosto. — Como alguém foi capaz de algo assim e carregar essa
Jacob Alexander LancasterO volante parecia escorregar entre meus dedos suados enquanto dirigia rumo à ponte. Meu peito subia e descia num ritmo descompassado e a cada farol que cruzava, as lembranças voltavam com mais nitidez.“A garota na ponte, a garota que salvei… a garota que quase se perdeu… era Luna.”Por isso senti aquela conexão no bar. Por isso meu coração reagiu de forma tão absurda quando nossos olhares se cruzaram. Eu já a conhecia. Não só isso… Eu a segurei quando ela estava prestes a cair, quando seu mundo parecia desabar e agora, depois de tantos anos, depois de tantas peças do destino, eu finalmente entendia.Antes de ir ao seu encontro, parei no apart-hotel.
Luna HarrisonO caminho da ponte até o apart-hotel de Jacob foi um turbilhão de emoções. O silêncio entre nós não era desconfortável, era carregado de significados. Eu precisava contar, ele tinha que saber. A verdade pulsava dentro do meu peito como um segredo prestes a explodir, ao mesmo tempo que parte de mim temia o que viria depois.Jacob dirigia com uma mão no volante e a outra segurando a minha. Seu polegar deslizava levemente pela minha pele, um gesto involuntário que me transmitia conforto, dizendo sem palavras: Estou aqui.Quando chegamos ao apart-hotel, ele abriu a porta para mim e, assim que entramos, não houve espaço para dúvidas ou hesitação. Jacob me puxou para seus braços e me beijou c