Luna Harisson fugiu de casa aos 19 anos depois de um trauma intenso. Foi acolhida por Kate sua melhor amiga e, desde então, divide sua vida entre os estudos e o trabalho como Bartender em uma boate. Numa certa noite, um homem misterioso cruza seu caminho. O que deveria ser apenas um encontro casual se torna inesquecível e dois meses depois, Luna descobre que está grávida e decide procurar o pai do bebê. Mas o destino é cruel. Pela TV, ela descobre que Jacob Alexander Lancaster, o homem daquela noite, é um bilionário e está prestes a se casar. Arrasada, Luna decide seguir sozinha, recusando-se a ser vista como oportunista. Porém Luna recebe a pior notícia de sua vida: seu filho morreu ao nascer. Anos depois, Luna sente uma conexão intensa com o melhor amigo de sua filha, uma sensação de familiaridade, algo que ela não sabe explicar. Ela só não esperava que um segredo virá à tona e o destino iria trazer de volta a sua vida o pai de sua filha. Só que o destino prepara algo para os dois, chegou a hora da verdade ser revelada. O amor pode resistir à mentira? Ou a verdade será cruel demais para ser perdoada?
Leer másA chuva castigava Londres naquela noite, transformando as ruas em espelhos d’água que refletiam o brilho frio dos relâmpagos. Os trovões ressoavam como um aviso sombrio, como se o próprio universo tentasse alertar sobre o que estava prestes a acontecer.
Dentro da maternidade, os corredores estavam agitados. Médicos entravam e saíam das salas de parto, enfermeiras corriam para lá e para cá, os gritos de mulheres em trabalho de parto se misturavam ao som da tempestade.
Naquele hospital, duas mulheres estavam prestes a dar à luz. Duas mães, dois destinos… e um segredo que jamais poderia ser revelado.
Luna Harrison
O grito escapou dos meus lábios assim que outra contração intensa rasgou meu corpo. Eu me contorcia na maca, segurando o lençol com força enquanto as enfermeiras me levavam às pressas para a sala de parto.
— Respire, Luna. Está indo bem, logo seus bebês estarão nos seus braços. — disse o médico ao meu lado, tentando manter a calma.
Mas eu não conseguia. Era cedo demais, muito cedo para meus bebês nascerem.
Eu estava sozinha, minhas mãos tremiam, sabia que precisava ser forte, que precisava manter o controle… Mas o medo me consumia.
Minha melhor amiga, Kate Stewart, já havia sido informada que eu estava em trabalho de parto, infelizmente, a chuva torrencial impediu dela chegar ao hospital.
— Por favor, meus bebês… salvem meus bebês — murmurei, sentindo as lágrimas quentes deslizarem pelo meu rosto.
E então, a dor me engoliu completamente e eu resolvi confiar.
✲ ✲ ✲
Do outro lado do hospital, Samantha Lancaster também lutava para dar à luz.
Ela segurava a mão de Jacob, seu esposo, com força, a testa coberta de suor, os olhos cheios de pavor.
— Vai dar tudo certo, amor. Logo estaremos com nosso filho nos braços — ele sussurrou contra sua pele, tentando transmitir segurança.
O que ele não sabia era que Samantha não tinha a mesma certeza que ele. Ela sentia que algo não estava bem.
— Você vai ficar comigo, não vai? — sua voz saiu trêmula, baixa.
— Sempre — Jacob segurou seu rosto e sorriu.
Samantha queria acreditar nisso, porém, o destino… esse tinha outros planos.
O parto de Samantha foi longo e exaustivo, os médicos pediram para Jacob esperar em outra sala e Sophia, mãe de Samantha, ficou ao lado da filha durante todo o parto. Ela sentia o corpo inteiro latejar, a exaustão pesando sobre seus ossos e o tão esperado choro do bebê não veio, tornando o ar na sala espesso.
O pediatra trocou olhares tensos com a equipe médica. A enfermeira pressionou o peito da criança, o equipamento apitou… para em seguida o único som que consumiu o ambiente foi o silêncio mortal.
Sophia Taylor, a mãe de Samantha, sentiu o sangue gelar nas veias. Ela havia entendido, o pequeno Benjamin Lancaster não resistiu, era prematuro.
O médico virou para a Samantha, com os olhos carregados de pesar e disse:
— Sra. Lancaster… sentimos muito.
Samantha piscou, tentando processar as palavras e perguntou:
— O quê?
— O seu filho…
— NÃO! — o grito rasgou a sala. A dor atravessou seu peito como um golpe letal, roubando o ar de seus pulmões. — Isso é um erro! Meu bebê está bem! FAÇAM ALGUMA COISA! — ela berrava, tentando se levantar, mas uma enfermeira a segurou, tentando acalmá-la.
— Samantha… — a voz de Sophia veio suave, mas firme. — escute com atenção, Jacob não pode saber.
Samantha desviou o olhar para a mãe confusa e antes de perguntar alguma coisa, Sophia continuou:
— Se Jacob souber, ele nunca mais será o mesmo. Esse bebê… esse filho… é o que sustenta esse casamento. Se Jacob perder esse bebê, você irá perdê-lo!
O silêncio tomou conta da sala. Samantha ainda estava em estado de choque, Sophia por um momento saiu da sala, precisava pensar numa alternativa. Ela sabia que se Jacob soubesse que o filho havia morrido, o casamento de sua filha estaria arruinado.
Enquanto caminhava pelos corredores do hospital, viu o exato momento em que uma enfermeira passava com um carrinho e dentro dele haviam duas crianças, um menino e uma menina. Sophia se aproximou devagar e arregalou os olhos ao perceber a semelhança do menino com o neto morto. Sem demora, retornou para a sala de parto, encarou o médico e disse:
— Eu tenho uma saída. --- Todos da sala encararam Sofia confusos. --- Existem duas crianças no bercário, um menino e uma menina... o garoto lembra o meu neto, seja rápido doutor, troque os bebês — sua voz saiu firme.
— Senhora Lancaster, isso não pode ser feito — disse Dr Richard.
— Qual é o seu preço, doutor?
O médico se calou por um instante.
— Isso é uma loucura! — foi a vez da enfermeira se pronunciar.
Sophia se virou para a mulher e disse:
— Quer arruinar a vida da minha filha? Essa mulher terá conforto com o outro que ficará vivo.
— Doutor Richard, o senhor…
— Faça o que a senhora Lancaster ordenou, Chloe.
— Dr Richard…
— Não me questione e que isso não saia daqui.
A enfermeira fechou os olhos, lutando contra a consciência, mas acabou acatando o que lhe foi ordenado. Aproveitou o caos que estava o hospital, e com a ajuda da pediatra, saiu do quarto segurando o menino morto, foi até o bercário e fez as trocas. Quando retornou, entregou o bebê nos braços de Sophia, como se entendesse o que acontecia ao seu redor, o menino abriu os olhos revelando um par de safiras que se destacavam reluzentes. Ela sorriu e agradeceu aos céus pelo pequeno milagre. Seu neto, Joshua Lancaster havia sobrevivido e Jacob nunca soube que o filho que segurava nos braços... não era seu.
✲ ✲ ✲
Quando acordei, o quarto parecia um borrão. Minha respiração estava pesada, tudo doía. Mesmo assim, forcei meu corpo a reagir.
— Onde estão meus bebês? — minha voz saiu trêmula, cheia de urgência.
A enfermeira hesitou por um instante e assim eu soube. O pânico se espalhou em meu peito como uma tempestade.
— Senhorita Luna… sua filha, Valentina, está bem.
Meu coração saltou.
— E meu filho? E ele?
— Ele… não resistiu — os olhos da enfermeira desviaram.
O mundo parou. O quarto girou ao meu redor. Senti o ar faltar, minha alma ser arrancada do meu corpo.
— Não… não…
E então… o grito rasgou minha garganta.
— NÃO!
Minhas mãos foram até a barriga, meu corpo tremia, o peito explodia em dor.
— MEU BEBÊ! NÃO! MEU BEBÊ!
A enfermeira tentou me segurar, mas eu me debati.
— QUERO MEU FILHO! DEIXE-ME VER MEU BEBÊ!
— Senhorita Luna… ele se foi — as palavras me atingiram como lâminas afiadas.
Meu pequeno menino se foi. A dor tomou conta de mim, o tipo de dor que nunca desaparece.
Enquanto isso, do outro lado do hospital, Samantha Lancaster sorria, segurando nos braços um bebê que não era dela.
Ela olhou para Jacob, que tocava o pequeno rostinho do menino com adoração e, naquele instante, ela soube que seu casamento estava salvo, mas…
Aquele segredo custaria caro.
Por mais que a verdade seja enterrada, um dia ela sempre encontra uma maneira de voltar à superfície.
Querido leitor,Se você chegou até aqui, saiba que carrega agora um pedacinho do coração de Luna, de Jacob… e do meu também.Essa história nasceu do caos, como os amores mais verdadeiros costumam nascer. Nasceu de um encontro improvável numa ponte, de um olhar que salvou, de uma despedida marcada pelo destino, de um parto solitário e de uma perda que só fez sentido muito tempo depois. Mas, acima de tudo, essa história nasceu da coragem de recomeçar.Você acompanhou a dor de Luna, o silêncio de Jacob, o reencontro de dois corações partidos e o milagre dos filhos que uniram tudo o que a vida tentou separar. Valentina e Joshua, com suas personalidades únicas e laços inesperados, foram o fio invisível entre passado e futuro. Então veio Benjamim… selando tudo com a doçura de um novo começo.Obrigada por ter caminhado ao lado deles.Obrigada por ter chorado com Luna, se emocionado com Jacob, sorrido com os irmãos e acreditado, mesmo quando parecia tarde demais, que o amor sempre encontra
A ponte ainda estava lá.O mesmo corrimão enferrujado. O mesmo vento úmido das noites em que tudo parece pesar mais que o corpo e, curiosamente, o mesmo silêncio que carregava histórias não ditas.Foi ali que Luna e Jacob se viram pela primeira vez.Ela estava com os olhos marejados, os pés perigosamente próximos à beirada e o coração em ruínas. Ele, com a alma ferida por escolhas feitas, as quais ele não desejava. Quando viu a mulher debruçada na ponte, sem hesitar correu ao seu auxílio. “Não faça isso!” “Todos tem alguém, acredite, talvez ele ainda não tenha a encontrado..”Ela não se jogou, não naquele dia. O destino, no entanto, não é feito de linhas retas.Ela desistiu de pular e ele nunca mais a viu depois daquele momento. Até aquele sábado à noite naquela boate… Numa despedida de solteiro que não tinha gosto de celebração, Jacob e Luna se reencontraram e se entregaram. Foi intenso, real, como se os corpos dissessem aquilo que as palavras ainda não sabiam pronunciar.“É a m
O sol ainda se espreguiçava no céu, tingindo o horizonte com tons de ouro e pêssego, quando Jacob desceu as escadas em silêncio, descalço, com os cabelos revoltos e o olhar leve. Havia algo em sua expressão — algo que só se via em homens que carregam no peito a certeza de que estão exatamente onde deveriam estar.A casa estava mergulhada em um sossego raro, que só se encontra depois de uma noite intensa e de amor completo. Um silêncio que respirava, que se movia com a brisa morna que atravessava as janelas abertas. O aroma do leite materno ainda pairava no ar, misturado ao perfume discreto de lavanda que Luna usava no travesseiro.Benjamim dormia outra vez, embriagado de leite e amor, aninhado nos braços da mãe que agora o ninava suavemente na poltrona do quarto. Luna estava envolta por um robe claro, com o cabelo preso de forma displicente e um brilho no rosto que só os deuses entendem, o brilho de uma mulher plena, transbordando maternidade, amor… e paz.Jacob caminhou até a cozinha
O dia corria com a suavidade de quem está cansado das correrias do mundo. O céu ganhava tons de laranja e dourado e uma brisa morna soprava pelas ruas tranquilas do bairro. Jacob empurrava o carrinho de Benjamim, que dormia profundamente, embalado pelo movimento e pelo som suave dos pneus sobre a calçada. Ao lado dele, Luna caminhava devagar, com os dedos entrelaçados aos dele, o corpo ainda cansado, mas a alma leve.— Estou amando esses passeios de fim de tarde — ela disse sorrindo. — É como se a gente respirasse fundo antes da noite.— É quando tudo desacelera e conseguimos enxergar a vida com calma — Jacob respondeu, beijando os dedos dela.Mais à frente, Valentina e Joshua corriam, cada um com um sorvete na mão, disputando quem conseguia equilibrar melhor sem deixar pingar.— Se cair no chão, já sabe, hein! — Jacob gritou com bom humor.— A gente é profissional! — respondeu Joshua, mostrando a língua tingida de azul.Valentina parou de correr, olhando para o irmão. — Vamos senta
A casa dormia, como se todo o universo tivesse respirado fundo e escolhido fazer silêncio.O corredor estava escuro, exceto pela luz suave do abajur do quarto infantil. Uma brisa leve movia as cortinas e um cheiro de lavanda pairava no ar. No berço, Benjamim dormia com o punho fechado próximo à bochecha e o outro erguido como quem alcança o próprio sonho.Luna o observava com aquele olhar que só as mães têm, um misto de ternura, exaustão e amor absoluto.Jacob estava atrás dela. Encostado na porta, com os braços cruzados sobre o peito, o olhar preso à cena. Seus olhos estavam marejados. Sempre que olhava para o filho mais novo, era como se enxergasse a cura de tantas ausências.— Ele é tão pequeno… e ao mesmo tempo carrega tanto da gente — disse ele, num sussurro rouco.— Ele carrega tudo que vivemos… e tudo o que faltou também — respondeu Luna, sem tirar os olhos do bebê.Jacob se aproximou devagar. Colocou o queixo no ombro dela, os lábios quase tocando sua pele.— Eu fico imaginand
Após a cerimônia, onde o pequeno Benjamim foi abençoado com lágrimas, orações e promessas emocionadas, a família seguiu para um brunch no jardim da casa de Katerina e Ethan. O espaço foi transformado em um verdadeiro refúgio de paz e beleza. Toalhas brancas cobriam as mesas redondas distribuídas pelo gramado impecável, arranjos com lavanda e alecrim enfeitavam os centros com um toque delicado e perfumado. Havia cestos com pães caseiros, sucos coloridos, frutas frescas e bandejas com pequenos bolos decorados com o nome de Benjamim.As crianças corriam de um lado ao outro, rindo, vestidas em roupas claras e descalças sobre a grama. Ali, tudo pulsava em um único tom: amor.Jacob mantinha Benjamim nos braços, orgulhoso. O bebê dormia tranquilo, mesmo com toda a movimentação ao redor. Luna estava sentada próxima a Katerina, observando os filhos brincando e trocando olhares cúmplices com o marido, seu coração estava leve. Aquela era a vida que ela sempre sonhou e que por muito tempo, ach
Último capítulo