“Ela é meu caos e minha punição. A única que pode me destruir sem um tiro, e ainda assim, a única que não posso deixar ir.” — Fernando Torrenegro
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Fiquei ali parado, a mão ainda na maçaneta, mas sem coragem de fechar a porta. O silêncio dela me fodia por dentro. Não sei explicar… já lidei com traições, tiros, emboscadas e homens que imploram pela vida ajoelhados diante de mim. Já vi olhos cheios de medo, de ódio e de resignação. Mas nunca… nunca um silêncio como o dela.
Era como se dissesse, sem uma palavra sequer: “você me roubou até o ar.”
E isso pesava mais que qualquer maldição.
Fechei a porta devagar, quase como se temesse que o som da madeira despertasse nela a revolta que não veio. Segui pelo corredor, mas os passos ecoavam pesados, como se arrastassem correntes.
Desci até o salão principal da casa. Homens meus estavam espalhados, fuzis cruzados no peito, cigarro aceso e olhos atentos. Meus leales. Aqueles que eu mesmo havia arrancado da lama, alimentado e armado.