“Não preciso que ele fale para me mostrar quem é. Cada silêncio dele me revela, e cada gesto contido me aproxima do que jamais imaginei conquistar: seu coração.” — Luna Castilho
🖤
O silêncio de Fernando nunca foi vazio. Ele é feito de camadas. Um labirinto de pausas, respirações contidas e palavras que ele não ousa pronunciar. Eu aprendi a ouvir esse silêncio, a enxergá-lo com os ouvidos e com a pele.
Naquela manhã, enquanto o som dos talheres e o farfalhar das folhas lá fora preenchiam o ambiente, o silêncio dele dizia mais do que qualquer frase poderia dizer. Ele estava ali, sentado à minha frente, corpo ereto e movimentos controlados. Mas eu sabia. Sabia que algo dentro dele se agitava como uma fera enjaulada.
Eu sorri.
Um sorriso leve, calculado, mas natural o bastante para que ele não suspeitasse. Porque eu precisava fazê-lo se abrir. Nem que fosse por uma fissura, um instante.
— Dormiu bem? — perguntei, erguendo o rosto em sua direção.
Ele demorou.
Demorou segundos demais para