POV: Estela
Quando Lorenzo me deixou na porta do prédio, ainda sentia seu toque quente no meu rosto. Fiquei parada por um instante, observando a porta se fechar atrás de nós, como se tentar prolongar aquele momento o mantivesse comigo por mais tempo.
Havia algo diferente naquela noite.
Não só pelo vinho, pelas risadas ou pelo toque dele em meu corpo. Mas pelo que ouvi. Pela primeira vez, Lorenzo se abriu. Me mostrou memórias da infância, me falou dos avós, das ruas da Sicília, das tardes roubadas em meio a uma vida sufocada por expectativas e violência.
Eu não sabia o quanto precisava conhecer aquele lado dele… até vê-lo surgir diante de mim. Vulnerável. Humano. E tão distante do homem misterioso que conheci naquela noite de gala meses atrás.
Entrei devagar, sentindo o coração leve. Um raro tipo de leveza. A que vem depois da tempestade.
Quando cheguei na sala, vi minha mãe sentada no sofá, com um livro fechado no colo. Ela me olhou e sorriu, meio sonolenta.
— Já ia dorm