POV: Lorenzo
A tela do notebook diante de mim exibia uma rede complexa de nomes, locais e datas. Cada fio levava a um novo buraco de podridão. Galpões isolados, casas de leilões falsas, boates de fachada. Eventos como aquele não eram casos isolados – eram frequentes, meticulosamente organizados. Jovens sumiam e reapareciam semanas depois... ou não reapareciam. Meus punhos cerraram com tanta força que os nós dos dedos estalaram.
— Isso aqui não é só tráfico. É uma indústria — murmurei.
Ricco se aproximou, uma cerveja na mão, lendo por cima do meu ombro.
— Eu disse que era coisa grande. Vários nomes aí têm proteção pesada. Tem político, magnata, até policial no meio.
Assenti, os olhos cravados em um nome que reconheci vagamente. Um intermediário. Mas o cabeça... esse ainda era um fantasma. Um fantasma com sede de poder e dinheiro.
Suspirei, afundando na cadeira, sentindo o cansaço pesar. Mas não era só cansaço. Era saudade. Era aquela ausência maldita que doía nos ossos.