POV: Lorenzo
A primeira coisa que senti foi o silêncio.
Cheguei ao apartamento dela já passava das oito da noite. Toquei a campainha. Nada. Insisti. Nada. O prédio parecia quieto demais, e aquela ausência me arranhou por dentro.
“Deve estar no hospital”, pensei.
Montei na moto, acelerei feito um louco pelas ruas escuras até o Queens Memorial. Entrei pela emergência, direto para a recepção. O segurança me reconheceu, claro. Ninguém impedia Lorenzo Moretti quando ele estava com aquele olhar.
— A doutora Estela está em plantão?
A recepcionista hesitou. Mexeu no computador. Olhou de novo. A testa franziu.
— Não, senhor. Ela tirou uma licença hoje pela manhã. Não temos previsão de retorno.
Senti o peito afundar.
Peguei o celular no bolso, disquei o número dela. Uma vez. Duas. Três.
Caixa postal.
Fui direto pra sala da Catarina. Invadi sem bater. Ela estava de jaleco, pronta para sair. Levantou num susto.
— Lorenzo? O que você está fazendo aqui?
— Onde ela está?
— Quem?
— A E