CRISTINA SANTIAGO
O sol mal tinha subido direito quando ouvi batidas na porta. Três batidas fortes, firmes e impacientes.
Por um segundo, achei que fosse o entregador da padaria. Rosália tinha mania de encomendar croissants aos domingos, mas, quando espiei pela janela, o ar me faltou.
Ethan.
Vestido casualmente. Camisa branca dobrada nos cotovelos, calça social escura e um dos relógios caros que ele nunca tirava.
Era cedo demais pra ele estar ali. Aliás, deveríamos nos encontrar apenas na segunda. Será que ele refletiu na noite passada e veio pedir desculpas? De qualquer forma, isso não muda meu plano.
Fechei os olhos e respirei fundo. “Modo tanto faz, Cristina”, pensei. “Modo tanto faz.”
Quando abri, forcei o rosto no que chamo de "expressão neutra nível Jedi "e destranquei a porta.
— Olá, senhor Petterson. — falei, formalmente.
Ele sustentou o olhar por um segundo, talvez esperando algum tipo de reação, mas não teve. Nem um sorriso, nem uma sobrancelha levantada. N