CRISTINA SANTIAGO
Olhei para os três na sala e senti que se eu não falasse tudo agora, eu ia explodir e sair direto no plantão policial por agressão.
Respirei fundo e deixei a língua solta.
— Vocês só podem estar de brincadeira comigo. Então, só para eu entender direitinho: a filha que foi traída pela única irmã, com o próprio marido, é a errada? Eu virei a “vergonha” da família? Enquanto a santa Beatriz, que se enfiou debaixo do lençol de um homem casado, está aqui sendo exaltada como a restauradora da honra?
Minha mãe fez cara de tédio, como se estivesse ouvindo uma reclamação boba.
— Cristina, não precisa dramatizar…
— DRAMATIZAR? — soltei uma risada histérica. — Quer que eu desenhe? Minha irmã roubou meu marido. E o que vocês fazem? Montam festa de noivado na sala de casa, aplaudem e ainda me convidam para ser plateia do circo!
Beatriz cruzou as pernas devagar, e rebateu:
— Ninguém roubou nada de ninguém, Cristina. Você perdeu o Heitor por sua falta de cuidado.
— Perdão?