CRISTINA SANTIAGO
O trajeto de volta para a mansão foi o silêncio mais barulhento da minha vida.
Eu estava sentada no banco de trás do SUV, as mãos cruzadas sobre a barriga em um gesto protetor que se tornara automático, mas meus olhos não paravam de viajar para o homem ao meu lado. Ethan olhava para a janela, o maxilar trancado, um músculo pulsando em sua bochecha. Ele parecia uma estátua de mármore: frio, duro e impenetrável.
A minha mente repassava o deslize na sorveteria em um loop torturante.
Como eu pude ser tão estúpida? Como eu pude relaxar tanto a ponto de deixar a verdade escapar pelos meus lábios sujos de sorvete? A "Cristina Amnésica" não teria como saber daquilo.
Ele sabia.
Eu sentia nos ossos que ele sabia. A maneira como ele disse "Temos muito o que conversar" não foi uma intimação.
Quando o carro parou em frente à mansão, senti uma náusea que não tinha nada a ver com a gravidez. O motorista abriu a porta, e eu desci, minhas pernas parecendo feitas de gelatina.
Ethan não