Na sala da casa grande, Zuleika estende um lençol no chão como se fosse um tatame de ioga. Veste uma legging florida que estava guardada desde o batizado do Bento e uma blusinha justa de academia com a estampa “VIDA ATIVA É VIDA LONGA”.
— Anselmo, larga essa cachaça e vem cá! Hoje vamo faze yoga, é bom pra junta, ajuda a gente a ter flexibilidade... e tu tá parecendo macaco velho emperrado!
Anselmo, sentado na cadeira de balanço com a barriga por cima do cinto, suspira.
— Eu tô mesmo, mulher… ontem fui abaixá pra pegá um chinelo e travei que nem porteira enferrujada. Mas esse trem aí é coisa de gente de cidade... yoga é nome de iogurte, cê tá me enganando.
Zuleika, impaciente, empurra ele da cadeira com um tapinha no ombro.
— Vamo logo, antes que eu te dobre igual varal de roupa!
Anselmo deita no lençol, de má vontade, e Zuleika abre o livro do Kamasutra como se fosse manual de alongamento.
— Primeiro posição do cachorro olhando pra lua.
— Cachorro o quê?
— Vai, se apoia com as mão no