Isabela fechou a porta da sala de Lucas e sentiu o ar de sua presença a envolver. O luxo era palpável, o perfume amadeirado e cítrico dele preenchia o espaço. Ele estava de pé, à frente de sua mesa de mogno, os braços cruzados sobre o peito. A postura era de um homem no comando, mas havia algo em seus olhos castanhos que parecia mais uma busca do que uma ordem. Ele a estudava com uma curiosidade intensa. O silêncio era tão pesado que Isabela podia sentir seu próprio coração batendo na garganta.

"Sente-se, Sra. Figueiredo," ele disse, sua voz mais baixa do que o habitual, mais íntima. Ele não olhou para o monitor, nem para a papelada. Seus olhos não saíam do rosto dela.

Isabela se sentou na cadeira em frente à mesa, cruzando as pernas e mantendo uma postura impecável. "Você pediu para me ver," ela disse, a voz calma e profissional, mesmo que seu corpo estivesse em alerta máximo.

Lucas assentiu lentamente, um sorriso irônico brincando em seus lábios. "Sim. É sobre sua entrevista de contratação. O meu assistente disse que você não tem histórico nas redes sociais. Nem uma foto de perfil. É incomum para alguém da sua idade."

O coração de Isabela deu um pulo. Ele não estava desconfiando do seu currículo. Ele estava desconfiando dela, da pessoa. "Eu prefiro manter minha vida privada. Não acho que minhas fotos de perfil tenham a ver com a minha capacidade profissional."

Lucas riu, um som seco e baixo. "Não têm, mas me diz muito sobre você. Que tipo de pessoa não deixa rastro na internet?" Ele se inclinou, apoiando as mãos na mesa, mais perto do que era necessário. A proximidade a fez sentir uma onda de calor. Aquele era o seu jogo. Intimidar, provocar, desestabilizar.

"Eu sou uma pessoa que valoriza a privacidade," ela respondeu, seu olhar não se desviando. "Não há nada de errado nisso."

"Não há. Apenas é estranho." Ele a estudou por um momento, e o olhar dele desceu por seu rosto, por seu pescoço, até o blazer. O olhar era tão intenso que ela sentiu sua pele se arrepiar. A tensão sexual era inegável. Ele não a odiava, mas a desejava. "Eu tenho uma teoria," ele continuou, a voz em um sussurro. "Você é uma espiã."

Isabela riu, um riso rápido e leve. "Uma espiã? E para quem eu estaria trabalhando? Para a concorrência?"

Lucas se inclinou ainda mais, agora a centímetros dela. "Talvez. Ou talvez para alguém que tem uma vingança pessoal contra a minha família." A frase foi um golpe. O sangue de Isabela gelou. Ele estava se aproximando da verdade, mas não sabia o quão perto estava.

Ela se levantou, a surpresa em sua expressão. "Eu não sei do que você está falando. Se você não tem nada mais a dizer sobre o meu trabalho, eu preciso voltar para a minha mesa."

Lucas se levantou também, e a distância entre eles era quase nula. "Tem certeza que não sabe? Seus olhos me dizem outra coisa. Há um ódio neles, uma raiva que eu não entendo. Mas ao mesmo tempo, eu sinto uma atração. O que você quer de mim, Isabela Figueiredo?"

Isabela, agora em pânico, deu um passo para trás. "Eu só quero fazer o meu trabalho. E você deveria estar fazendo o seu. Você é o CEO da empresa. Não perca tempo com suposições infantis."

A resposta a ele foi o suficiente para o surpreender. Seus lábios se curvaram em um sorriso que não alcançou os olhos. Ele não a perdoou. Ele ainda a via como uma rival, uma adversária. Mas a tensão estava no ar. Ele queria beijá-la, mas a repulsa que ele sentia por ela era maior.

"Sua coragem é admirável, Sra. Figueiredo. Mas eu vou descobrir quem você é. Eu vou descobrir o que você quer de mim. E quando eu descobrir, você vai se arrepender de ter pisado na minha empresa."

Isabela saiu da sala, a adrenalina correndo por suas veias. Ele estava perto. Mais perto do que ela imaginava. Mas o medo era ofuscado por uma satisfação gelada. Ela sabia que ele a queria. E essa atração seria a ferramenta mais poderosa de sua vingança. Ela o faria desejar algo que nunca poderia ter.