O portão da mansão Montenegro se abriu com um rangido pesado, como se alertasse todos os fantasmas do passado. Lucas dirigia devagar, cada sombra da noite parecendo se mover com vida própria. A fita que encontraram ainda queimava em sua mente, um lembrete silencioso de que nada na família era exatamente como parecia.
Ao entrar na sala de estar, a casa parecia calma demais. O relógio antigo marcava quase quatro horas, mas cada quadro, cada móvel, parecia observá-lo. Ele ouviu passos leves na escada, e sua mãe, Helena Montenegro, surgiu no topo do patamar, o rosto parcialmente iluminado pelo candelabro pendente.
— Lucas — disse ela, a voz serena, mas carregada de uma tensão sutil. — O que te traz aqui a esta hora?
Ele engoliu em seco, segurando a caixa com a fita e os documentos.
— Precisamos conversar, mãe. É sobre… a família, sobre tudo que aconteceu no passado.
Helena franziu levemente o cenho. Algo no tom dele soava diferente: firme, determinado, quase ameaçador.
— Passado, Lucas? Q