O corredor branco parece engolir o som dos passos apressados de Miguel e Heitor. Não há choro, não há vozes. Só aquele silêncio frio de hospital que grita o que ninguém tem coragem de dizer. Eles caminham lado a lado, mas carregam pesos diferentes: um segura o medo, o outro, a culpa.
Na porta da UTI, a médica plantonista os aguarda. É jovem, mas há firmeza em sua postura.
— Senhores, bom dia. Sou a doutora Aline, responsável por Marta neste plantão. — Ela estende a mão com cortesia. — Os sinais vitais dela estão estáveis. Os exames laboratoriais mostram evolução satisfatória. Se continuar assim, vamos considerar a transferência para o apartamento ainda nesta semana.
— Graças a Deus... — murmura Heitor, aliviado.
— Porém — continua a médica com cautela, temos uma questão delicada. Sabemos que Marta sofreu um trauma severo. Ainda não contamos a ela sobre o desaparecimento do segundo bebê.
— Ainda não é hora — diz Miguel, cruzando os braços.
— Entendo a preocupação, mas como médica, prec