O ronco da caminhonete corta o silêncio da estrada de terra como uma promessa prestes a se cumprir. O céu nublado ameaça chuva, mas o clima dentro do carro ferve como se o mundo lá fora não importasse. Eduardo dirige com uma mão no volante e a outra descansando casualmente no câmbio, mas seus olhos, atentos, frios, estrategicamente calculistas, estão muito longe de qualquer distração. Ao lado dele, Darlene ajeita os cabelos, mexe no rádio e cruza as pernas. Cada gesto dela é inocente… mas não passa despercebido. Nem por ele. Nem por ela mesma.
Há algo novo entre os dois. Algo que os envolve, os amarra, os empurra um para o outro com uma força que beira o irracional. Desde que cruzaram a linha do desejo, o jogo mudou. Já não é mais fingimento. Já não é mais provocação vazia. Existe tensão ali, calor real, um território sendo lentamente conquistado, centímetro por centímetro de pele, de orgulho, de desejo.
No banco de trás, sacolas acumulam roupas novas, insumos para a fazenda e uma cai