O silêncio que paira na casa dos Maia é mais ensurdecedor do que qualquer tempestade. Marta foi embora deixando atrás de si um rastro de perguntas, incertezas e dor. Dona Maria entra na cozinha como quem procura refúgio, mas encontra apenas a solidão das paredes que presenciaram tudo e não disseram nada.
Ela se apoia na pia, o corpo tremendo, os olhos marejando até que a primeira lágrima escorre. Depois, todas as outras vêm como enxurrada. Ela chora como uma mãe que teme nunca mais ver a filha. Chora como uma mulher que falhou em proteger o que tinha de mais precioso.
Do lado de fora, o sol forte contrasta com a sombra que cobre o coração de Miguel e do pai, Heitor. Eles se encaram em silêncio, como se ambos tivessem sentido o mesmo estalo na alma.
— Miguel… — começa Heitor, com a voz firme, mas os olhos marejados. — Eu sei que você e a Marta têm uma ligação muito forte. Mas tem algo errado, filho. Muito errado. E eu preciso saber.
Miguel o encara, tenso. O nó na garganta parece cre