O telefone toca pouco antes das 15 horas. Dona Maria atende com as mãos ainda úmidas da louça do almoço, e seu coração gela ao ouvir a voz do outro lado da linha.
— Dona Maria? Aqui é Luciana, assistente social do Hospital São Rafael. Eu preciso que a senhora e o senhor Heitor venham até o hospital o quanto antes. É sobre a Marta.
O mundo parece girar ao redor da mulher. Ela não consegue reagir de imediato.
— A Marta? Mas... o que houve com a minha filha?
— Por favor, senhora, é importante que venham pessoalmente. Marta está sob cuidados médicos. Eu explico melhor aqui, com os médicos.
Sem conseguir formular mais perguntas, ela simplesmente balança a cabeça, apesar de estar no telefone.
— Nós vamos, estamos indo agora.
Heitor já está colocando as botas quando ela desliga. Não há tempo para hesitações. Miguel oferece-se para ir junto, mas o pai recusa com firmeza.
— Fique no sítio, meu filho. Temos os galpões, os pintinhos novos chegaram ontem. Sua irmã precisa saber que tudo aqui cont