O silêncio do quarto pesa como chumbo. Lá fora, a mansão adormece em paz artificial. Mas dentro daquele espaço onde Marta e Jonathan dividem o mesmo ar, a calmaria é uma mentira cansada. Ele está sentado na beira da cama, os cotovelos nos joelhos, a cabeça baixa. As mãos tremem discretamente, como se tentassem segurar algo que insiste em escapar. Marta o observa através do travesseiro, os olhos atentos, o coração apertado.
— Eles querem que eu me afaste do Grupo, Marta — ele diz de repente, a voz rouca, grave, como se confessasse um pecado. — Afonso… Islanne… até minha mãe. Eles acham que é o melhor para mim, para você, para Lua… para o Jeff.
Ele não chora, mas cada palavra parece encharcada de dor. Marta se senta devagar, enrolada no lençol, e se aproxima, com calma, como quem tenta tocar um animal ferido.
— E o que você sente? — ela pergunta.
— Eu não sei — ele solta, com honestidade crua.
— Me sinto... dividido. Eu cresci dentro daquela empresa, Marta. Eu e a Islanne fizemos ela s