A paz da mansão Schneider é uma ilusão que se desfaz assim que Eduardo atravessa o hall, o corpo tenso, o olhar inquieto, como quem prevê a tempestade antes do trovão. A rigidez da roupa, o porte profissional, o rádio discreto preso ao cinto, tudo isso é fachada. Por dentro, ele está despedaçado. E quando sente o silêncio invadindo os corredores, um tipo de silêncio que não é calmo, mas denso, sufocante, ele sabe que Mariana finalmente explodiu.
Ele sobe rápido, cada passo mais pesado que o anterior. O coração bate descompassado, não de medo físico, esse ele aprendeu a controlar, mas de um medo emocional que o acompanha desde a adolescência. Ao chegar à sala, ele encontra exatamente o que temia, Marta, de pé, com Lua nos braços, os olhos arregalados. Cici sentada, completamente entregue, o rosto encharcado de lágrimas. E Mariana, na porta, respirando forte, os punhos fechados.
O ar pesa. A tensão é quase palpável, como se fosse possível tocar o estrago no ambiente.
— Eduardo... — Mar