O relógio na parede parece ter parado. Dentro da sala de reuniões envidraçada no décimo andar do Grupo Schneider, o ar é mais denso do que qualquer documento que já tenha passado por aquelas mãos. Afonso encosta as mãos firmes na mesa de carvalho e encara as duas mulheres à sua frente com a gravidade de quem está prestes a mover uma peça crucial, uma peça que pode salvar ou ruir todo o tabuleiro. Catia respira fundo, tensa. E Islanne… ela aperta os dedos um contra o outro no colo, como quem sente, antes de ouvir, que algo importante vai ser dito.
— Eu quero propor uma transição — Afonso diz, pausado.
— Temporária, mas necessária. Que Jonathan se afaste um pouco da gestão direta da empresa. Que possa dedicar-se à família. À busca pelo Jeff.
O silêncio que se segue é tão espesso que parece engolir os ruídos da cidade lá fora. Islanne arregala levemente os olhos, mas se mantém calada por um instante. Catia se adianta:
— Não é uma punição. É um cuidado. A empresa caminha. Mas nosso neto