O céu está estranhamente calmo. As nuvens cor-de-rosa que se desenham no horizonte trazem uma beleza triste, como se o próprio tempo estivesse em luto. Um vento suave passa pelas cortinas do quarto, brincando com o tecido leve como se quisesse consolar, sem saber como. A casa está em silêncio. Não um silêncio qualquer, mas aquele que vem depois do riso, da visita, do alvoroço. Um silêncio de fim de festa, onde o que sobra são as emoções à flor da pele.
Dentro do quarto, Marta segura Lua nos braços. A filha mama tranquila, com os olhinhos semi abertos, a boquinha agarrada ao sei0 como se ali estivesse a única verdade do mundo. Marta passa os dedos pelos cabelos da bebê, sentindo o calor, o cheiro, a vida. Ela ainda se pergunta se merece tanta beleza depois de tanta dor.
Termina a amamentação com um beijo na testa da filha e se levanta com cuidado, como quem carrega uma joia rara. Caminha até o berço recém arrumado, aquele que todos ajudaram a preparar com tanto carinho, e deita Lua ali