O sol ainda mal se ergue no céu quando Darlene já está de botas no chão de cimento cru do curral, as mãos firmes na cintura e o olhar atento que denuncia mais que experiência e mostra paixão. O cheiro de terra úmida, couro e esperança embriaga o ar daquela manhã de rotina e resistência. É nesse cenário rústico, quase poético, que ela comanda tudo com precisão e doçura, como uma sinfonia regida por mãos calejadas e um coração valente.
— Vamos, Bravinho... anda, garoto — chama com carinho, batendo levemente na lateral da parede de concreto que forma o corredor. O animal hesita, mas ao ouvir a voz conhecida, segue confiante.
Um a um, o gado nelore passa pelo corredor de manejo. O líquido carrapaticida diluído escorre pelos pelos brancos, escoando aos pés, garantindo que nenhuma praga sobreviva naquela pele tratada com tanto zelo. Darlene observa cada movimento, inspeciona olhos, patas, pelagem.
— Você aí, Clarinha, não adianta fazer essa carinha, viu — brinca com uma novilha que hesita.