A manhã avança preguiçosa no Sítio dos Maia, embalada pelo som ritmado das folhas sendo agitadas pela brisa e pelo canto cadenciado dos galos ao longe. Os raios de sol atravessam as frestas das janelas, dourando os móveis rústicos e os azulejos gastos da cozinha, onde Dona Maria termina de preparar uma bandeja com uma xícara fumegante de chá de capim cidreira adoçado com mel.
Caminha devagar pelo corredor silencioso, os chinelos arrastando-se suavemente pelo chão da casa. Para por um instante diante do quarto onde Ravi está hospedado. A porta, entreaberta, deixa escapar uma penumbra tênue e o som abafado de uma respiração pesada.
Ela bate de leve, quase com pudor.
— Pode entrar — responde a voz grave e cansada de Ravi.
Dona Maria empurra a porta com delicadeza. O quarto está impregnado pelo cansaço do jovem diante dela. Ravi está sentado à beira da cama, vestindo uma calça de moletom folgada e uma camiseta amarrotada. Os cabelos desalinhados denunciam a vigília ininterrupta da noite a