O céu está pesado de nuvens cinzentas quando os dois surgem pela trilha estreita entre os pastos. O som dos pássaros é substituído pelo farfalhar das folhas secas sob os pés e pelo silêncio espesso que paira entre irmão e irmã, um silêncio que não é de ausência, mas de tudo o que ainda não foi dito. Mariana caminha um pouco à frente, os braços cruzados, como se o vento frio da tarde pudesse protegê-la menos do que aquilo que sente por dentro. Eduardo a acompanha em silêncio, os olhos atentos à expressão dela, tentando decifrar o que tanto consome a sua irmã caçula. E talvez, tentando esconder o que também o consome.
— Você tá diferente, ele solta, quebrando o silêncio com a voz firme, mas comedida.
— Diferente como? — ela pergunta sem virar o rosto, mas com um leve sorriso no canto da boca.
— Mais mulher. Mais… decidida. Só não sei se isso me assusta ou me orgulha.
Mariana para e se volta para ele. Os olhos castanhos, grandes, estão marejados, mas serenos.
— Eu queria te contar uma co