O sol se despedia lentamente no horizonte, tingindo de dourado e púrpura as copas das árvores que emolduravam o Sítio da família Maia. O canto das aves, em suave descompasso, se misturava ao cheiro adocicado de ração e terra úmida, que subia dos galpões à medida que Miguel e seu Heitor caminhavam lado a lado, pela lateral da propriedade.
Miguel, com a prancheta apoiada no antebraço e a caneta entre os dedos, rabiscava números, revisava colunas, enquanto os olhos ora se fixavam nos dados, ora varriam as plantações ao longe.
— Pai… — começou, com aquele tom reflexivo de quem pensa em voz alta — acho que dá para gente puxar mais uma liberação de lote antes da próxima chuva. Se a gente adiantar a colheita do milho pra quarta-feira, já otimiza o rodízio das rações e libera o galpão grande pra armazenar o feno da segunda remessa.
Seu Heitor, sempre mais silencioso e contemplativo, girou o boné gasto nas mãos, olhando a plantação ao longe, como quem pede confirmação ao próprio instinto.
— Tá