O grito engasgado de uma mãe rasga os corredores frios do hospital como uma lâmina.
Lá fora, o sol nasce com a calma habitual dos dias comuns, mas dentro da mente de Jonathan, o tempo colapsa. Tudo paralisa. A ligação do hospital ainda ecoa em seus ouvidos. A voz da assistente social dizendo que só podia falar pessoalmente. O silêncio tenso da linha. A ausência de explicações. A urgência. E agora… o berço. Vazio.
Ravi ainda está sob o efeito do chá de ervas e da noite mal dormida, mas o faro do perigo o desperta. Ele desce até a cozinha do sítio e encontra Dona Maria já com o bule no fogo.
— Vim atrás de um milagre em forma de café, Dona Maria.
— Vai ter café, sim… mas só se prometer jantar comigo hoje. Aí deixo até levar a garrafa cheia.
Ele sorri, um daqueles sorrisos cansados, mas sinceros.
— Fechado. Eu como o que a senhora mandar. Com todo prazer.
Com o café em mãos, Ravi se junta a Jonathan e Miguel, que atualizam os acontecimentos da visita à delegacia. O clima é sério. A frus