A boate pulsa como um organismo vivo, iluminada por luzes que piscam em vermelho, azul e violeta, cobrindo de sombras e névoa os rostos da multidão que se move em ondas de ritmo, suor e segredos. O som grave da música reverbera nos ossos, quase abafando os pensamentos. É um lugar onde ninguém se olha nos olhos por muito tempo, onde tudo pode acontecer e quase nada é o que parece.
Do lado de fora, a fachada não denuncia o tipo de movimentação que se esconde ali dentro. Mas Eduardo conhece lugares assim. Tem faro para o tipo de escuridão que se disfarça de diversão. Ele entra com Darlene ao seu lado, a mão dela entrelaçada à sua com um aperto que é tanto parte do disfarce quanto uma âncora silenciosa.
Ela está linda. Talvez até demais. Vestido justo, cabelo solto, boca pintada de vermelho, uma mulher fatal. Mas por trás da aparência, Darlene caminha com os sentidos em alerta, ciente de que ali, qualquer passo em falso pode custar mais que a sua reputação.
Eduardo a conduz com firmeza.