A noite não espera. Ela arrebenta como um trovão abafado no peito, uma urgência de respirar outro ar, de ser vista, de existir além do ranço do passado. O chuveiro despeja água quente sobre os ombros de Darlene enquanto ela esfrega a pele com vontade, como se pudesse arrancar da memória os toques que não quer mais lembrar. Ao sair, ela não hesita, escolhe o vestido vermelho justo, decote certo, fenda provocante. Cabelos soltos, maquiagem impecável, batom como marca de guerra. No espelho, ela sorri com a segurança de quem escolhe recomeçar. Tira uma selfie poderosa e posta com a legenda:
Sextou! A noite é uma criança, e eu tô de babá dela. 🎉🔥
Em segundos, os likes explodem. Comentários elogiosos, piadas ousadas, emojis de fogo. Darlene não responde ninguém. Pega a chave da caminhonete, confere o perfume, encara o reflexo com firmeza e diz em voz baixa:
— Hoje, eu vivo!
Dirige com o rádio alto e o coração acelerado. Ao estacionar em frente à boate da cidade, uma onda de lembrança a at