O silêncio entre os dois é pesado como aço e quente como a pista de dança recém abandonada. Eduardo e Darlene se encaram no bar da boate, cercados pelo eco da música eletrônica e das risadas dos últimos que ainda resistem à madrugada. Ele vê nos olhos dela algo que não sabe decifrar, talvez mágoa, talvez orgulho. Ou os dois. Mas o tempo urge, e ele não quer ir embora com mais palavras engasgadas.
— Posso te oferecer uma bebida? — pergunta, quebrando o silêncio com uma voz mais baixa do que o habitual, mas firme.
Darlene ergue uma sobrancelha, hesita por um instante e, então, assente.
— Pode. Mas nada alcoólico. Ainda tenho estrada pra pegar.
Eduardo chama o barman, pede dois sucos. Quando entrega o copo a ela, Darlene o observa com cautela, como quem encara alguém que já foi importante... e perigoso.
— E o que você tá fazendo aqui? — pergunta, com o tom que mistura curiosidade e desconfiança.
— Eu precisava falar com você — ele responde, com honestidade. — Mas aqui... — olha ao redor,