O dia começa como todos os últimos, com Jonathan acordando antes que a luz toque o rosto de Marta. Ele observa por alguns minutos a tranquilidade adormecida dela, o vai e vem ritmado da respiração, o traço suave da boca entreaberta. É ali que ele encontra refúgio e tormento ao mesmo tempo. O amor o embriaga, mas a lembrança do perigo o acorda antes do amanhecer.
O café da manhã chega pontualmente às oito, entregue por uma funcionária de confiança. Jonathan cuida de tudo pessoalmente, da escolha do cardápio até o teste dos sensores da cozinha antes de autorizar qualquer aproximação. Quando Marta se senta à mesa, ele já está lá, esperando com a serenidade treinada de quem esconde o caos por dentro.
— Eu te disse que podia preparar alguma coisa — ela comenta, com uma ponta de frustração carinhosa. Está usando um robe claro, os cabelos meio soltos, o curativo sob a roupa mal disfarçando o incômodo.
Jonathan sorri, mas não cede.
— E eu te disse que não quero você de pé por mais de dez minu