O céu sobre a fazenda parece diferente, como se soubesse que algo fora do comum está prestes a acontecer. Um calor morno escorre pelas folhas, os cavalos relincham ao longe e os girassóis se curvam preguiçosos sob a luz dourada. Na varanda, Mariana se espreguiça devagar, tentando afastar a sensação de tédio que ficou depois que Darlene saiu com Eduardo. Ela dissera que preferia ficar, descansar, aproveitar um pouco da calmaria. Mas, no fundo, nem ela acreditava nessa desculpa. Talvez só quisesse ficar sozinha... ou talvez esperasse por algo, ou alguém.
E então, como se obedecesse a esse pensamento, o som de pneus sobre o cascalho faz seu coração tropeçar. Ela se levanta devagar e vai até a porta. O sol se derrama sobre o capô do carro que se aproxima, e quando Miguel desce, tirando os óculos escuros com um meio sorriso, Mariana sente um arrepio percorrer sua espinha.
— Achei que pudesse estar entediada, ele diz, aproximando-se com aquele andar despreocupado e charmoso que já virou ass