Fernanda
Quando a porta se fechou, o silêncio voltou a encher o quarto, pesado e sufocante, como uma nuvem densa que se recusa a se dissipar. Eu fiquei ali, parada, os pés descalços no mármore frio, os braços cruzados ao redor do corpo, os olhos ainda fixos no lugar onde ele estava.
Ele tinha saído.
Mas a sombra dele continuava.
O peso do controle dele ainda queimava na minha pele, ainda apertava meu peito, ainda sufocava minha respiração.
Me aproximei da janela, os dedos se fechando ao redor da cortina pesada, os olhos se fixando na cidade além do vidro, as luzes piscando como estrelas artificiais, os carros se movendo em filas intermináveis, as pessoas correndo de um lado para o outro, vivendo suas vidas livres, sem correntes, sem medo.
Eu fechei os olhos, os lábios se trincando, os dentes se apertando, os músculos do pescoço se tensionando.
Eu precisava sair daqui.
Precisava me libertar.
Mas eu não podia fazer isso de forma impulsiva.
Não podia arriscar tudo por uma tentativa